Diz o que queres de mim, vida!
Mostra esta vereda coberta por rebentos
que permanece incógnita; escondida.
Toda música é melancolia, toda tristeza é melodia.
Me diz que irá ficar tudo bem...
diz-me que não sou tua causa perdida!
Traz Fulgência à esta alma atada à essa labuta nictofílica.
Me doem as coisas passadas, sobretudo, estou
a eras cansada das trivialidades, que para mim não representam nada,
contudo, aos outros parecem tão significativas.
Quem dera tivesse os medos da mocidade,
eram medos cheios de ânimo na verdade.
Hoje tenho-os como um fosso de obscuridade e
asco da realidade que me é apresentada. Se há algo
que me vivifique, é uma incerteza longínqua.
Há algo que seja tão puro em bondade,
que perdure o rumo de todas idades, que supere
a dor das futilidades, que me faça te sentir realmente, vida?
Porque sinceramente, o real parece-me agora
uma elegia velha e empoeirada, deixada ao apodrecer
numa biblioteca esquecida.